Vamos “tirar a carta”? :-) Sobre o desconfinamento

Ontem estive mais uma vez na Rádio Concelho de Mafra a falar sobre as reacções às medidas de desconfinamento progressivo e como teremos reacções diferentes. Um espectro que vai da excessiva confiança (que fomenta comportamentos de risco para a contaminação) ao medo que bloqueia a ação. Foi nos pedido que ficássemos em casa para controlar a situação e agora é-nos dito que podemos sair apesar de continuar a haver risco. Temos agora um trabalho de gerir o risco e o medo. O desconfinamento é também necessário para nossa saúde mental na medida em que há riscos para a saúde mental no confinamento permanente.

Quando tiramos a carta de condução:

a) Se tivermos um medo incapacitante – nem sequer vamos aprender;

b) Quando tiramos a carta nas primeiras viagens temos de estar muito conscientes de cada movimento, pôr a primeira, carregar a embraiagem, pensamos em tudo e é mais ansiogénico e desgastante. Há uma necessidade de controlo maior e também um medo maior.

c) Ao fim de algum tempo a condução acontece de forma automática, sem pensar e conduzimos de forma precavida e gerimos os riscos com segurança. O medo a um nível mínimo, muitas vezes inconsciente.

O medo serve para termos essa cautela e cuidado. Sendo necessário em quantidade q.b. Nesta fase, estamos a começar a aprender a viver com novos comportamentos. A usar máscara, a estar vigilantes onde tocamos e da necessidade de lavar as mãos e não tocar no rosto. A aprender a viver com maior distanciamento uns dos outros e a manter o máximo tempo de recolhimento na mesma. Há uma ameaça e temos de controlar o que está nas nossas mãos fazer para mantermo-nos a todos protegidos e ao SNS funcionante. Enquanto esses comportamentos não se tornam automáticos e temos de pensar sobre eles, há mais ansiedade, mas importa saber que temos a capacidade de aprender e torná-los automáticos, com tempo. E isso baixa a ansiedade. Se todos os dias pensássemos em todos os riscos que corremos quando saímos à rua, antes do COVID, não saiamos. Temos esse mecanismo de protecção. De permitir que o medo não nos bloqueie a ação.

O COVID neste momento obriga-nos a pensar nesse risco, constantemente. De que a nossa vida e a dos outros está em risco. Para que façamos o que é necessário para nos protegerImporta encontrar um equilibro entre gerir o medo e não ficar paralisado e agir, ser responsável e automatizar os comportamentos que posso de facto controlar.

Aqui o papel da informação de como nos podemos proteger tem de ser cientifico e assertivo. A informação tem de ser clara, sem criar confusões. Vamos a isso.

Todos a aprender esta lição e a tirar a “carta” 🙂


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