
Mais uma quinta em que estive na Rádio Concelho de Mafra (105.6 FM) à conversa com a Carla Alegre sobre os desafios desta pandemia. Falámos dos reencontros familiares e da importância de reforçar o contacto relacional e reduzir o afastamento, apesar da necessidade de protecção. Falámos sobre os nossos velhos, os que vivem sós, os que estão institucionalizados, os que vivem com suas famílias, os que têm demência ou défices mnésicos…
Da necessidade de ir ao encontro das necessidades básicas que temos de amor, de segurança, de algum sentido de controle sobre a realidade, de ocupação, de toque e de rir.
Esta pandemia é um risco para as pessoas idosas por várias razões. A falta da família, do toque, dos netos, dos encontros familiares pode dar medo, muitas pessoas verbalizam sentirem-se abandonadas. O toque é muito reduzido e isso diminui o sentimento de segurança, bem como o facto de o rosto estar parcialmente coberto por uma máscara. Diminuiu também o sentimento de pertença. Importa, mesmo existindo necessidade de manter ou reforçar a protecção contra este vírus, manter o contacto e iteração humana e que as instituições geriátricas disponibilizem formas de contacto frequentes.
– Usemos das tecnologias e telefone para contactos frequentes;
– Podemos surpreender os nossos entes queridos à janela, à porta com um cartaz; uma música; uma dança ou um doce preferido;
– Enviar cartas, desenhos, fotos;
– Fazer álbuns de fotografias e colagens e pedir para que no lar ajudem a ver (caso o idoso precise de ajuda)…
Muitos lares têm procurado inovar compensando o menor contacto dos familiares com lavagem de mãos em conjunto; massagem na cabeça; aromaterapia e exercícios meditativos/respiração consciente; etc. Procurar conhecer a pessoa e devolver estímulos identitários (musica, livros, formas de vestir, ocupação; objectos; gastronomia..) e que lhe permitam, mesmo que momentaneamente, preencher esse vazio mnésico do Eu/Ser (sobretudo relevante em casos de demência).
A iteração humana é vital. Sejamos criativos.

A solidão mata. A depressão também.
(Tema das conversas com a radialista Carla Alegre sobre a solidão dos idosos durante o confinamento/COVID-19- na Rádio Concelho de Mafra no dia 29 de Maio 2020)
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