Na passada quinta-feira estive mais uma vez à conversa na Rádio Concelho de Mafra com a Carla Alegre sobre os efeitos da pandemia e como afecta em particular os jovens. Falámos também sobre o regresso à praia e a importância do lazer. Ficam algumas reflexões.
– Há jovens que resistem a sair e estão com dificuldade em prescindir do conforto que experimentaram em casa. Alguns poucas vezes tiraram o pijama para “ir” às aulas e acomodaram-se ao conforto da ausência de horários e não ter de acordar cedo.
– Uns têm medo do vírus e estiveram demasiado expostos a noticias sobre o COVID, outros cristalizaram ainda mais a sua dependência de video-jogos e/ou séries que não sentem necessidade de contacto social para além de on-line.
– Para alguns jovens a escola não era um lugar seguro, eram vitimas de bullying e sentem-se melhor em casa. Para outros a casa não é um lugar seguro e estar fora de casa é uma ancora de salvação.
– Muitos jovens estavam desejosos de sair de casa para estar com os amigos, de se divertirem, namorar, sair à noite, estar com pessoas da sua idade e por impulso desta necessidade de contacto relacional podem descurar algumas das medidas protectores relativas à pandemia e colocar em risco outros. Muitos irão organizar festas pois há muitos locais de diversão fechados. Uns seguirão as recomendações da DGS à risca outros, nem por isso.

– Haverá uma diversidade de comportamentos enorme e rotular os jovens de irresponsáveis, é um pré-conceito que vem de uma necessidade de controlar a realidade e responsabilizar alguém.
– Sobre as praias e o lazer. Estar em contacto com a natureza e usufruir de momentos de lazer é um preditor de bem estar, satisfação com a vida, saúde, criatividade e melhora a produtividade no trabalho. Não é um luxo, é uma necessidade. Contribui para melhorar as relações familiares e fortalecer os vínculos.
– Este ano temos algumas regras como 2 metros entre grupos na praia, 3 metros entre chapéus de sol, etc. o que implica o exercício que deveria ser constante e não só deste ano, de pensar em nós e nos outros, isto é, eu como pertencente a um todo.
– Se pensarmos só em nós e marcarmos pela manhã o espaço na praia com 2 ou 3 chapéus para estar lá o dia todo, podemos todos ir à praia respeitando as regras de distanciamento e a lotação da praia?
– Quem temos de ser para que os nossos filhos desenvolvam valores como a empatia, cooperação, não violência e compaixão? (” faz o que eu digo, não faças o que eu faço”….não resulta. Aprendemos sobretudo pelo exemplo.)
– Penso que a educação para a paz passa também por não comprar mais papel higiénico do que se precisa ou garantir um lugar na praia só pensando em nós ( e tantos outros exemplos do dia a dia).
– Se como colectivo cuidássemos uns dos outros o que mudaria? O mundo seria mais escasso ou abundante? Mais violento ou mais amoroso? Ficam os desafios reflexivos. Esta semana por haver feriado na quinta, não estarei em directo às 10:30 da manhã. Mas dia 18, quinta para ouvir, sintonizem-se na RCM 105.6 FM

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